Como viver… ou conviver com a Perda

Muitas das perdas passam despercebidas no contexto da existência quotidiana, outras deixam sinais profundos, cujas marcas ficam para toda a vida.

Cada momento da vida é assinalado como algo que se deixa, ou como algo que se descobre. Cada momento comporta a separação daquilo que era, para caminhar em direção do que se pode vir a ser.

O desenvolvimento de uma pessoa está ligado à capacidade de gerir de maneira construtiva as perdas da vida. São as “pequenas” perdas que preparam a forma de encarar as grandes rupturas.

Abordemos então algumas perdas. A primeira perda, o nascimento, que representa a primeira separação da vida, através da perda de segurança e da relação simbiótica com a mãe, que permite que o recém-nascido estabeleça a sua identidade. Esta é sem dúvida uma perda bilateral, uma vez que também representa uma separação relativamente aos pais. As perdas do desenvolvimento humano, a infância, a adolescência, a idade adulta, a terceira e quarta idades caracterizam-se por tarefas específicas, por modalidades particulares de relacionamento, por oportunidades e responsabilidades diversas, em que alguns acontecimentos “críticos” simbolizam a passagem de uma fase à que se lhe sucede, em que muitas vezes estão presentes as perdas.

E podemos continuar a lista de perdas, como sejam, a perda da própria cultura, a perda de bens materiais, a perda de laços afetivos, a perda de bens humanos e espirituais, a perda da saúde, a perda do que nunca se possuiu, das realidades sonhadas, desejadas e nunca obtidas, e a perda última, a morte, a mais temida, seja quando se refere a nós próprios ou quando se refere aos nossos significativos.

Nas perdas há que ter em conta a ansiedade pela separação e a consequência do apego, ou seja, o sofrimento da perda está relacionado à ansiedade da separação, pela experiência inevitável e tensão do afastamento do objeto de Amor; e a consequência do apego, como vulnerabilidade dos laços afetivos, na medida em que a necessidade de envolvimento afetivo é uma exigência universal e condição necessária ao desenvolvimento humano.

As perdas e/ou o luto, têm várias fase: a fase da negação, pela recusa da verdade; a fase da rebelião, o reconhecimento da verdade; a fase da hesitação, do compromisso com a verdade; a fase da depressão, do abatimento sobre a verdade e a fase da aceitação, reconciliação com a verdade.

A ter em conta que, cada pessoa tem as suas próprias estratégias que foram adquiridas ao longo do desenvolvimento para lidar com as perdas, e as fases não são percorridas por todos da mesma forma; e que parte das reações provocadas pela perda, dentro de certos limites de tempo e intensidade, permanecem no âmbito da “normalidade”.

A dimensão emotiva apresenta-se sob a forma de um feixe de reações sobrepostas e entrelaçadas. O choque, o pânico, a incredulidade, a rejeição, a irritação, a ira, o sentimento de culpa, o medo… são sentimentos naturais que se apresentam sempre que surge um obstáculo à consecução dos próprios propósitos ou desejos e que necessita de encontrar um meio de se manifestar. É nas reações a nível emocional, que existem as maiores dificuldades, em que os sentimentos tendem a condicionar o humor, os comportamentos e as decisões.

Cada pessoa carrega dentro de si, por vezes escondida, uma história de sofrimento vivida de um modo muito pessoal. A par dessa humanidade ferida, caminha uma outra humanidade que a pode ajudar a curar-se. Nem sempre conseguimos fazê-lo sozinhos, por vezes temos de procurar a ajuda necessária para superar a perda, libertar a dor, crer em si mesmo, comunicar o que sente, ser paciente consigo mesmo, aprender a perdoar-se, voltar a sorrir…

Na Mental Skills esperamos poder ajudá-lo(a)!!

 

Paula César
Psicóloga Clínica e da Saúde

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