Falar do medo é falar de uma das emoções básicas do ser humano. O tema medo, tendo em vista a singularidade do ser humano e a infinidade de fatores psicológicos capazes de desencadeá-lo, conduz às implicações e consequências psíquicas no quotidiano das pessoas, assim como às fantasias que emergem nessas vivências.
O medo não é uma emoção patológica, mas algo universal dos animais superiores e do homem, e que é fundamental para a autopreservação. Disso depende, a fase em que a pessoa se encontra relativamente ao medo, de acordo com o grau de extensão e imensidão, sendo que a primeira fase é a fase da prudência, a segunda fase, a da cautela, a terceira fase, a do alarme, a quarta fase, a da ansiedade, a quinta fase, a do pânico (medo intenso) e por fim, a sexta fase, a do terror (medo muito intenso)
Neste sentido, o medo é um estado de progressiva insegurança e angústia, de impotência e invalidez crescentes, ante a impressão iminente de que sucederá algo que queríamos evitar e que, progressivamente, nos consideramos menos capazes de o fazer.
Sendo o medo considerado uma adaptação, de acordo com uma perspetiva evolutiva e desenvolvimentista, como qualquer adaptação, o medo varia, podendo apresentar desajustamentos nos extremos da distribuição.
As fobias são medos exacerbados, desproporcionais, limitantes e incompatíveis com as possibilidades de perigo real oferecidas pelos desencadeantes, chamados de objetos ou situações fóbicas, em que o indivíduo em contacto com os mesmos desencadeia, frequentemente, uma crise de ansiedade. Um dos sinais observáveis, é a fuga do objeto fóbico, do qual o indivíduo evita falar ou aproximar-se, causando intenso sofrimento. Na maioria dos casos o individuo altera as suas rotinas devido ao medo intenso, comprometendo e ameaçando desta forma a sua vida pessoal e social.
Além do sofrimento psíquico vivenciado pelo indivíduo, através do medo e da fobia, surgem uma série de reações físicas, alterações somáticas causadas pela exposição ao objeto fóbico.
Perante um estímulo que origina medo no indivíduo, existem dois circuitos nervoso de resposta: um rápido liderado pela Amígdala, que perante uma descarga de adrenalina no corpo provoca o aumento da pulsação cardíaca e faz subir a tensão arterial, como resposta a um sinal de perigo. Nesta fase o organismo reage de uma forma instintiva e primária, agindo sem pensar, e encetando uma resposta do tipo “luta ou fuga”; e um outro mais lento, liderado pelo córtex sensorial, que comunica com o Hipocampo (local onde fica armazenada a memória), se o estímulo não constituir perigo. A resposta ao medo envolve estruturas nervosas, mas também o sistema endócrino, através da libertação de adrenalina pela glândula suprarrenal, que prepara o organismo para o perigo.
O medo é um fenómeno normal e até um certo nível de intensidade, pode favorecer o rendimento pessoal, já que nos prepara para a ação. São resposta emocionais que se constroem nos nossos cérebros e nos ajudam a sobreviver. No entanto, se o medo ultrapassa determinados níveis pode ser prejudicial e originar vários distúrbios no organismo.
Iniciar um processo de análise e terapia para entender e saber lidar com medos incapacitantes demonstra ser a melhor alternativa para o equilíbrio da saúde física e mental.
Paula César
Psicóloga Clínica e da Saúde