O envelhecimento é um processo natural de degradação progressiva e diferencial que afeta todos os seres vivos. Não é possível datar o limiar do processo de envelhecimento, seja a nível biológico, psicológico ou social, já que em relação ao mesmo, a velocidade e a gravidade são variáveis de pessoa para pessoa. Das três fases do ciclo vital humano, crescimento, maturidade e senescência, é na última que ocorre a natural deterioração das faculdades físicas, mentais e sociais, umas naturais e esperadas, outras súbitas e imprevistas.
Durante o processo de envelhecimento experienciam-se três crises: a crise da identidade, determinada pela imagem que o idoso tem de si próprio, pela consciência de si e pela autoestima; a crise de autonomia, caraterizada sobretudo pela deterioração progressiva e pelo aumento da dependência dos cuidados dos outros e a crise de pertença, experimentada muitas vezes como “morte social”, através da retirada da sua participação social.
Neste “sentir”, as crises do envelhecimento surgem frequentemente associadas aos processos de institucionalização, realidade emergente no pensamento do idoso e que é por ele sentida como ameaça; a antevisão da eventual saída da sua casa para um lugar desconhecido e impessoal fragiliza a sua segurança.
Esta transição é normalmente acompanhada de tensões familiares, sentimentos de culpa por parte dos familiares e sentimentos de abandono por parte do idoso, aumentando assim o seu isolamento e as dificuldades de adaptação à instituição. Uma situação que, por vezes, contribui para a confirmação mental da crença inicial ligada ao negativismo do envelhecimento.
O foco de como “tratar” um idoso está sobretudo centrado nos cuidados de higiene, saúde e alimentação, ignorando muitas vezes a importância da sua saúde mental e do seu bem-estar psicológico. Deste modo, é importante ter em atenção os fatores psicológicos, os quais constituem requisitos para o estabelecimento de relações saudáveis com os idosos e do aumento do seu bem-estar. O idoso deve ser sensibilizado a participar em ações que promovam a sua atividade física e mental, contrariando a postura absentista e queixosa de forma a potenciar a sua integração saudável no seu “novo” lar.
Além da dimensão integrativa importa enfatizar a insuficiência da boa vontade dos cuidadores. Eles necessitam de treinar técnicas ou capacidades específicas, bem como motivações e atitudes, seja na sua componente cognitiva, seja nas componentes afetiva e de conduta. Cuidar do idoso exige uma educação que garanta o desenvolvimento de três vetores, conhecimento, capacidades e a dimensão afetiva das atitudes que garante o suporte fornecido. Apenas a sinergia dos três garante o cuidado especializado e eficaz.
Esta componente educativa proporciona um conjunto de valências imprescindíveis ao cuidado diferenciado do idoso: presta informação sobre a doença, permite a obtenção de diretrizes efetivas para reduzir o impacto da doença que resulta em stresse no idoso e nos seus cuidadores, ajuda a orientar as emoções e a usar estratégias mais eficazes na resolução de problemas.
Assim, é de grande pertinência formar cuidadores com as adequadas competências ao cuidado do idoso na sociedade contemporânea; até, porque, este cuidado exige capacidade de lidar com uma eventual sobrecarga, a qual é mais difícil de aguentar sem acesso à componente educativa.
Não é importante remover os obstáculos do seu caminho, mas sim, de caminhar juntos, tentando contribuir para que cada pessoa, nas suas relações, seja o mais possível ela própria, mantenha a sua integridade e veja respeitada a sua inalienável dignidade.
A equipa da Mental Skills está ao dispor para vos ajudar na nossa clínica de psicologia em Algés.
Paula César
Psicóloga Clínica e da Saúde